O HOMEM QUE COMIA FOTOS - Parte 8: O CHORO
“Bebe!” – disse Zé. “Não quero, obrigada!” – respondeu baixo Sandra. “Mandei beber porra! Bebe!” – gritou o homem. Sandra sentia medo. Sandra estava tonta com tudo que o homem havia dito, a mulher sentia-se como se estivesse com azia. Queria sumir, queria morrer. “Bebe vadia!” – gritava o homem. “Não, por favor, não quero beber!” – respondia com a boca amarga, o estômago apertado. “Se você não beber eu vou te arrebentar! Bebe porra!!!” – insistia Zé. Sandra estava com nojo, queria vomitar no tapete marrom e sumir. “Última vez: Bebe!”. Sandra pegou o copo, trêmula, e deu um gole. “Eu sabia!” – riu o homem – “Agora vamos cantar os parabéns” – completou.
“Bebe!” – disse Zé. “Não quero, obrigada!” – respondeu baixo Sandra. “Mandei beber porra! Bebe!” – gritou o homem. Sandra sentia medo. Sandra estava tonta com tudo que o homem havia dito, a mulher sentia-se como se estivesse com azia. Queria sumir, queria morrer. “Bebe vadia!” – gritava o homem. “Não, por favor, não quero beber!” – respondia com a boca amarga, o estômago apertado. “Se você não beber eu vou te arrebentar! Bebe porra!!!” – insistia Zé. Sandra estava com nojo, queria vomitar no tapete marrom e sumir. “Última vez: Bebe!”. Sandra pegou o copo, trêmula, e deu um gole. “Eu sabia!” – riu o homem – “Agora vamos cantar os parabéns” – completou.
Hélio enterrou Odete com todas as roupas, livros, louças e enfeites da casa. Ficaram os móveis. Gelados e vazios. Hélio subiu a escada de madeira e entrou no sótão. Hélio não queria mais sair. Não queria mais viver. Hélio estava confuso, perdido. Pela primeira vez, estava sozinho. Pela primeira vez, o rapaz não queria mais correr. Enquanto tirava a terra debaixo das unhas, Hélio pensava em Odete e chorava. Lembrava de tudo que ela o ensinou e chorava. Hélio se lembrava do cheiro, da pele fina e murcha, dos olhos fundos. Hélio sentia as mãos de Odete no seu rosto, Hélio a ouvia. Ouvia? Não, ele sabia que não podia ouví-la. Ele sabia que não podia ouvir. Hélio foi tomado por um choro impulsivo. Encostou-se em um baú de madeira, juntou as pernas e encolhido, encharcava as mãos, sujas de terra, com lágrimas grossas e soluços mudos.
“Vou pegar mais uma!” – disse Zé, enquanto tonteava pela casa. Sandra não se sentia bem. A mulher levantou e começou a olhar os móveis velhos e sujos. “Que armário lindo e horrível” – Sandra gargalhava. Estava bêbada. “O quê que tem aqui?” – Gritou a mulher. Zé não ouviu. “Vou abrir heim?!” – ameaçava aos gritos, enquanto enrolava a língua e ria. O armário estava trancado. Sandra chutou a porta e quase caiu. “Tá fazendo o que porra?” – perguntou Zé, enquanto abria a terceira garrafa da noite. “O quê que tem aqui?” – perguntou a mulher ainda risonha. “Não é da tua conta, sua vadia metida! Sai daí e vamos beber!” – disse Zé, também enrolando a língua. “Vamos dançar??” – perguntou Sandra, enquanto se apoiava no sofá. “Eu quero dançar!” – continuava. Zé colocou a garrafa no canto do sofá, sentou no tapete marrom, ficou imóvel por alguns segundos e começou a chorar.
.
.
.
Nota: não existe previsão para a "Parte 9", por favor, respeitem a bagunça deste blog.
Nenhum comentário:
Postar um comentário