domingo, 30 de novembro de 2008
Campanha Santa Catarina
sexta-feira, 28 de novembro de 2008
Reconstrução aos brasileiros!
O que me traz aqui, em meio ao caos, já que sou moradora do estado de Santa Catarina e todos sabem que estamos passando por um momento muito triste, é a vontade de desabafo, referente a um episódio muito descofortável, ocorrido ontem à noite, dia 28, nos campos virtuais do orkut. O caso por si só, é pequeno, mas analisado em suas diversas dimensões, percebemos sua seriedade e também, a necessidade de que ao menos, se permita pensar e refletir sobre nosso País, ou melhor, sobre a conduta e posicionamento dos habitantes do nosso País. José Antonio Cordeiro, morador de Joinville, cidade do norte do estado, recebeu um recado via orkut de Anália Cordeiro que, segundo perfil no orkut, mora em Rondônia, estado localizado no norte do nosso Brasil. “Nosso Brasil” eis o meu ponto. Antes, reproduzo o recado: “quero mais é que SC alague mais kkkkkkkkkkkkkk não conte cmg, só pra constar”. Diante dos 105 mortos, até o momento, 27.410 desabrigados, que estão em um abrigo ativado pelo governo e 51.297 desalojados que estão na casa de parentes ou amigos, as palavras da menina, nascida em Santa Catarina, realmente foram infelizes. Não crio aqui uma polêmica, em cima do fato da moça ser catarinense, porque o fato dela ser brasileira já é o bastante. Sabemos que nosso País enfrenta inúmeras dificuldades em todos os cantos, e vivemos (nós de todos os cantos) reclamando da falta de solidariedade, das divisões – injustas – sociais, dos preconceitos e vários outros pontos que, de fato, retardam nosso crescimento. Mais de um milhão e meio de pessoas em Santa Catarina foram atingidas pelas cheias, a economia do estado vai quebrar, as pessoas que perderam a casa, na maioria dos casos, perderam também o terreno. Crateras abriram, morros inteiros caíram. Empresas destruídas, outras paradas recuperando os prejuízos. Blumenau (Vale do itajaí), uma cidade que estava no ápice de sua beleza e boa estrutura, virou uma enorme poça de lama. Árvores caíram, animais morreram, carros viraram pó, terminais urbanos se tranformaram em grandes canteiros, ruas inteiras desapareceram. Nossos vales se transformaram em terra mole, devido aos 90 dias de chuva, e foram abaixo. “Uma das maiores tragédias da América Latina” Afirma jornalista da rede Globo. “Salvador por Santa Catarina” fazem campanhas de ajuda os nossos baianos. Mais de 500 colchões doados pelo Rio de Janeiro, milhares de litros de água vindos com todos os sotaques. Roupas que vestiram todos os gêneros de pessoas, chegam em Santa Catarina, para vestir nosso povo que perdeu tudo. Emissoras brasileiras se sensibilizam e apoiam. Empresas do norte enviam aviões particulares com doações de alimentos. Rio Grande do Sul e Paraná, nossos vizinhos, nos confortam com doações e apoio. Mineiros enviam remédios, paulistas também, religiosos de todas as crenças, oram por Santa Catarina e, neste momento, em que o País, se mostra unido, recebemos tal comentário e complementado da seguinte maneira:
Reprodução: "bom... Separem-se do país, vc´s não precisam da gente nunca, vão querer ajuda agora? Vc´s não precisam da gente não, Vc´s são bem melhor que o Norte! =D Eu tenho liberdade de pensar o q quiser, se eu desejar q este estado exploda estarei no meu direito de desejar isso. =D boa sorte aí"
A moça justificou a fúria, devido a comunidade “o sul é meu país”, que é mais uma comunidade inútil, e se fóssemos nos importar com todas que existem, não dormiriamos mais. Verifiquei que existem, na comunidade oficial, 3.866 pessoas. O sul do País é composto por: Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Paraná. Só em Santa Catarina, temos aproximadamente 5.866.487 habitantes. Por que julgar e condenar um estado inteiro, ou uma região inteira por nossas laranjas podres, que existem como em todos os lugares? Rondônia é o estado que mais se desenvolve no Brasil. A Bahia, no nosso nordeste, é o estado mais rico e com maior exploração do turismo. São Paulo, na região sudeste, é considerada a 14ª cidade mais globalizada do planeta. Mato Grosso, no centro-oeste, é um dos principais produtores e exportadores de soja do Brasil. Bem, eu poderia passar horas descrevendo características positivas do nosso País, mas o que eu quero ilustrar é que não é a região sul a mais importante, precisamos amadurecer isso, pois pesquisando pouco, é possível notar que o Brasil é cheio de importâncias, de norte à sul, de leste à oeste. O Brasil é o país de maior biodiversidade do planeta e essa é só uma de suas características, característica que só existe graças a união dos nossos 26 estados mais DF. Divido tudo isso, acreditando que não seja novidade, para que possamos refletir: até quando vamos criar dificuldades para evitar nosso amadurecimento e aceitação de que não somos "regiões", somos um País. Que não importa nossa naturalidade, pois nossa nacionalidade é única: brasileiros. Brasileiros que devem ignorar a minoria (que criam comunidades como a citada) e juntar forças com quem acredita neste País, na quebra de preconceitos e na construção de bons valores. Somos brasileiros, vistos sub-desenvolvidos, mas que sabem se ajudar, brasileiros que brigam, mas que perdem peito, para tanto coração. Somos sim, todos brasileiros. E temos sim, brasileiros "do mal", egoístas, preconceituosos, pois além de brasileiros somos seres humanos e o ser humano é cheio de mistérios e imperfeições. Sabe-se lá por que existe o mal, mas se não fosse o mal, não existiria o bem, e se não existisse o bem, Santa Catarina não existiria mais. Pois é o bem que fez unir um País, muitas vezes desunido, ou talvez, por muito tempo desunido, para nos ajudar neste momento difícil. E que seja assim sempre, e pra todos os lados, que possamos aproveitar a tragédia para repensar valores, ensaiar a solidariedade para que seja usada diariamente. Que possamos nos juntar para salvar todos os cantos. Que possamos ser de fato um País, dividido sim, por pura facilidade administrativa, mas acima de tudo um único País. Utilizo imagens do comentário da menina do norte, não para prejudicá-la, mas para que ela e outros, que pensam assim, ou que se ferem por poucos e condenam muitos por isso, meditem antes de falar coisas que deveriam ser esquecidas, mas em meio a dor, que vivemos atualmente, é impossível. E aí entra a questão da imperfeição. E digo, não é orgulho, é que a dor aqui no sul, aqui no Brasil, está muito grande. Que isso passe, que possamos reconstruir Santa Catarina o quanto antes, e que entre nesta reconstrução, valores. Valores brasileiros! Nossos valores!
* Faço destes escritos, resposta à postagem do blog: http://desmondana.blogspot.com/ Anália tem 19 anos e é acadêmica do curso de filosofia.
quinta-feira, 6 de novembro de 2008
Sobre animais no circo.
"Eu comecei a gostar dos animais olhando as suas apresentações em espetáculos de circos. Gosto muito disto! É muito lindo e são as atrações mais aplaudidas nos espetáculos circenses. É lamentável que cidades como Porto Alegre e Blumenau proibam isso. Aliás, esta probição é um atentado contra os direitos dos animais de se exibirem em seus shows! Pois os animais também gostam de fazer isto!" (Carlos, Porto Alegre, 20/09/2008 10:43), ref. matéria publicada:http://www.clicrbs.com.br/especiais/jsp/default.jsp?newsID=a2191161.htm&template=3847.dwt§ion=Not%C3%ADcias&espid=21
Antes de comentar as palavras do Sr. Carlos, vou esclarecer algo.
Em 2004 foi aprovada a Lei 6.422, em Blumenau, que proíbe a apresentação de animais em circo. A proibição também existe em outras cidades brasileiras e está em andamento a lei que proibirá circos com animais em todo o território nacional.
Em setembro deste ano, em Blumenau, recebemos a visita do circo Bremer, que trabalha com 36 animais, entre eles camelos, avestruzes e tigres, além de 60 artistas que tiveram que improvisar, pois a organização do circo soube que não poderia utilizar animais,somente quando chegou cidade.
Sobre a conduta dos funcionários do circo, ao agredir os manisfestantes a favor dos animais, prefiro nem comentar. Também me calo sobre a notícia do Jornal de Santa Catarina, que dizia "Animais terão "férias" na temporada do circo em Blumenau". Quando li, admito que achei que meu conceito sobre a palavra "férias" estava errado, mas constatei, segundo o Minidicionário da Língua Portuguesa, de Silveira Bueno, que a desinformação não era minha.
O que me faz escrever neste momento é a minha incompreensão sobre o comentário do Sr. Carlos. Bem, de fato, muitas crianças começam a gostar dos animais após assistirem suas apresentações no circo; afinal, toda criança é curiosa, e eu admito que ver um elefante empinando uma bola colorida é, mesmo, muito curioso. Curioso também seria se os proprietários dos circos, e deixo aqui um convite interessante, mostrassem em pleno picadeiro como esses elefantes aprendem a empinar bolinhas coloridas em suas trombas. Afinal, sabemos que eles não aprendem isso naturalmente, e por que esconder se não existem maus-tratos e se os animais gostam tanto? Exibir ao público esses treinamentos seria ponto positivo para o circo, ou não?
Outra coisa incompreensível é a questão de que "esta probição é um atentado contra os direitos dos animais de se exibirem em seus shows!". Longe de mim tirar a fantasia de alguém, mas vamos ser coerentes: os shows não são dos animais, os shows são dos homens! E não podemos falar sobre os "direitos dos animais" sem conhecer a Declaração Universal dos Direitos dos Animais. E, diante dessa situação, cito dois artigos bem interessantes que encontrei lá:
Artigo 4º: 1.Todo animal pertencente a uma espécie selvagem tem o direito de viver livre no seu próprio ambiente natural, terrestre, aéreo ou aquático e tem o direito de se reproduzir.
Artigo 5º: 1.Todo animal pertencente a uma espécie que viva tradicionalmente no meio ambiente do homem tem o direito de viver e de crescer ao ritmo e nas condições de vida e de liberdade que são próprias da sua espécie.
Agora que o assunto está mais fundamentado, pergunto: os animais têm direito de se apresentar em “seus” shows? Seria próprio da espécie dos ursos dançarem músicas populares vestidos de terno-e-gravata?
Sabemos que os animais que trabalham atualmente em circos não podem voltar para o seu ambiente natural, pois não mais se adaptariam. Infelizmente, já perderam o direito à liberdade, e teriam que viver em zoológicos ou reservas especiais. No entanto, não somos bobos, sabemos que um animal selvagem não vive eternamente; o tigre, por exemplo, tem tempo de vida médio de vinte anos. E isto nos mostra o óbvio: quando o tigre que pula entre arcos morrer, outro será treinado para ocupar seu lugar; e, assim, muitos ursos, tigres, cavalos, camelos, elefantes, leões e outros deixarão de viver de acordo com os seus direitos, para servir de espetáculo ao homem, que, por sinal, me surpreende cada vez mais.
Como podemos ser avançados em questões tecnológicas e tão atrasados em questões de consciência? Para quem acha natural o que esses animais fazem nos picadeiros, bom espetáculo! E não esqueçam, por favor, de comprar algodão doce.
quarta-feira, 5 de novembro de 2008
Nasatto
Pro Gio (já que tenho intimidade para chamá-lo assim), deixo registrado aqui poucas palavras, mas que espero (sinceramente, diga-se) que elas simbolizem uma força, que talvez de outra forma não sei se consigo caracterizar, de incentivo à arte que nele brota em forma de foto. Do talento nascido em ti, e aí quebramos o padrão de que para saber é preciso ter documento oficial, e da tua vontade (que se destaca em uma época tão cômoda), que surjam muitos retratos.
Os olhos alheios agradecem.
Foto: Giovani Nasatto.
Vinte e três
sábado, 1 de novembro de 2008
O Gato de Botas comprou um ipod
“You have one message” – gritou o aparelho. A moça, que deixou de ser branca depois de fazer bronzeamento artificial, não recebia nenhuma mensagem desde a separação. Seu ex-marido, o príncipe do cavalo branco, da mesma forma que a despertou do sono profundo, no início do relacionamento, deixou-a em sono profundo ao fugir com outra. Mas, na ocasião, sem cavalo, o valente rapaz foi de taxi, levando apenas uma mala e seu cartão de créditos. Branca, que não era mais branca, nunca mais teve notícias do marido insatisfeito, e depois de muita terapia e grupos de ajuda, finalmente ouviu o aparelho gritar: “you have onde message”. Mais do que uma mensagem, esta era a constatação de que ela finalmente poderia parar de tomar as pílulas para dormir. Estava recuperada.
Não muito longe dali, numa rua bastante movimentada, sete homens anões, divertiam as crianças na praça central. Enquanto eles faziam inúmeras apresentações, entre elas, Hip Hop, um rapaz de madeira colhia as gorjetas com uma cestinha, apoiada no próprio nariz. As apresentações dos anões eram diárias, e todos, inclusive o rapaz de madeira, viviam das gorjetas arrecadas. No entanto, vez ou outra, faziam bicos. O mais sábio dos anões era o freelancer mais ativo do grupo. Vira e mexe ele conseguia um laptop para formatar e sempre garantia o serviço.
“You have one message” – insitia em gritar o aparelho. Branca finalmente apertou o botão. Era Bela, amiga de longa data. Bela era viúva, perdeu o marido em um acidente doméstico. Fera, como era chamado, levou um choque bruto e decisivo, quando foi tentar desenguiçar o elevador, recém colocado, no lugar da escadaria principal da sua casa. Para Bela era impossível continuar lá sem seu amor, e trocou o castelo por um flat. A nova morada de Bela ficava muito longe do duplex de Branca, e a mensagem sugeria que elas se encontrassem num shopping da zona norte, às 8.
O celular despertou, eram 5 e meia da tarde. Mogli, um biólogo conhecido na cidade, tomava café todos os dias, neste horário, com sua namorada. A namorada do barbudão, era uma mulher muito bonita, conhecida por seus apliques enormes e entrelaçados. Os dois se davam muito bem, mas não tinham planos de morar juntos. Eles haviam se conhecido pela internet e criaram o hábito de dar “boa noite”, cada um no seu apartamento, através um site de relacionamento. Alguns achavam estranho, mas para eles, esta seria a única forma de tornar duradouro o romance.
O carro de Branca ficou sem gás e ela resolveu ir de metrô. No caminho, percebeu um aglomero na frente da Loja de Sapatos Cristal, da sua amiga, e foi ver o que estava acontecendo. Para sua surpresa, a loja que mantinha o mais moderno recurso de segurança da região, havia sido assaltada. Cinde, a proprietária, correu para abraçar a amiga e lamentar o prejuízo. Segundo ela, um dos quarenta monitores de seguranças, teve um curto-circuito inesperado e durante a manutenção um homem alto, com roupas verdes, apareceu de repente e roubou todos os sapatos daquele setor. Para consolar a amiga, Branca sugeriu que fossem juntas ao shopping encontrar Bela. Convite aceito, elas partiram de taxi.
O taxista, que tinha o trabalho apenas de ligar o carro e programar o trajeto, sofria com sérios problemas na coluna. Tão sérios, que era notável por qualquer um. Branca sempre muito curiosa, perguntou o que havia acontecido. O sujeito contou que havia trabalhado por muitos anos em uma empresa que ficava próxima a Igreja Notre Dame, na França. Como as condições de trabalho não eram as ideais, segundo a OIT (Organização Internacional do Trabalho), o problema de coluna se agravou e ele teve que se encostar. Para ganhar um dinheirinho a mais, resolveu ser autônomo, comprou um carro e virou taxista.
Durante o caminho, as amigas que há muito não se falavam, colocaram o assunto em dia. Cinde ficou impressionada, ao saber que Aurora foi a única herdeira de Malévola, que faleceu dois anos depois de Fauna, Flora e Primavera. As três sofreram um acidente aéreo, quando estavam indo visitar Estevão. Branca também ficou surpresa, quando Cinde contou que Jasmine foi presa, ao ser acusada do roubo da lâmpada, que seria leiloada com valor mínimo de 500 mil dólares.
Aceita cartão? Perguntou Branca, ao pararem em frente ao shopping. Assim que desceram do carro, avistaram Bela que já estava irritada com tanta demora. As meninas explicaram o porquê do atraso, mesmo assim, Bela continuava chateada. Ela contou que quando chegou ao shopping viu um ipod lindo e único na vitrine da loja de eletrônicos, e que resolveu esperar a amiga chegar antes de comprá-lo. Porém, não sabia que ela se atrasaria tanto e cinco minutos antes delas chegarem, viu o gato de botas sair da loja sorridente e com o tal ipod na mão.
As meninas consolaram a amiga, dizendo que ela deveria ir na Lan e ver se o modelo estava disponível na internet. Animada, Bela concordou, e ao constatar que pela internet poderia comprar quantos quisesse, encomendou três: um para ela, um para Branca e outro para Cinde e assim, elas viveram felizes para sempre.
Fim